sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O peixe morre pela boca

De tempos em tempos as ruas são invadidas por balas.
Onde corpos são perfurados e distribuídos as valas.
"Foi dormir com os peixes", diz o recado ciciliano.
Da ponte vejo um bloco e um corpo afundando.

Não deixe que saibam seus pensamentos.
Isso pode te salvar num clima violento.
Faça com que pensem que você pensa igual.
Surpreenda pelas costas e com golpe fatal.

Não saia tagarelando, se entregando, dando sopa.
Pois já sabemos a tempos que o peixe morre pela boca.
E o pior: morre sem nem comer a isca.
Multilado por uma Thompson a vítima nem pisca.


Daniel Monteiro Salles

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Que vá com o vento.


Silêncio!
É o que diz o momento.
Frustração:
Sendo o maior sentimento.

Palavras:
Só de arrependimento.
Desculpas:
Já não estão resolvendo.

Alegria?
Só se vier com o tempo.
Tristeza?
Que ela vá com o vento.


Daniel Monteiro Salles

segunda-feira, 28 de março de 2011

Desconfiança

De noite eu só uso preto.
De dia nem apareço.
Vendi mais de um terço,
do que não tinha preço.

Meu olhar focado em todos na multidão.
Meio de canto eu não quero chamar atenção.
Sou mais atento ainda quando me chamam de irmão.
Desconfio até do que nem tem mais pulsação.

Se meu olhar te assusta, se sinta agradecido.
É melhor um aviso que não saber do perigo.
Podemos conviver, mesmo sem ser amigos.
Más se eu não mexo com você, também não mexa comigo.

Daniel Monteiro Salles

domingo, 27 de março de 2011

Auto-controle


Luto contra certos sentimentos,
dentro do meu coração.
Más quando me distraio eles voltam,
sem pedir permissão.

E nessa luta interna,
eu me enterro sozinho.
Tento fazer o certo,
só que me perco no caminho

Já me senti provocado
e meu sangue não é frio.
Nessa fornalha de artérias,
meu ego quase explodiu.

Minha mente tornou-se
minha pior inimiga.
Que eu tento controlar,
só espero que eu consiga.

Pensamentos perturbam
como música ruim.
Tramando contra mim,
nessa enxaqueca sem fim.

Dou um conselho pra que você
não trave nesse nível:
Não erre no sábado,
pois seu domingo será horrível.

Daniel Monteiro Salles

domingo, 6 de março de 2011

Enxaqueca


Dor de cabeça.
Milhões de pensamentos.
Enxaqueca neurônios
em movimento.

Desenfreados se pisam,
se traem, se matam,
se esbarram, se embaralham
como uma multidão.

Desgovernados, se iludem,
se mudam, se perdem,
se cruzam, se perturbam,
e continuam nessa confusão.

Minha cabeça,
está como se fosse uma pista
só que bem mais congestionada
que a Avenida Paulista.

Um dia sonhador,
feliz, encorajado.
Em um estante calado
no outro desanimado.

Indeciso, inconstante,
sempre mudo de idéia,
por isso meu coração
não pode ter platéia.

Daniel Monteiro Salles
Escrita em 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Insanidade

Um dia o vi parado, confuso, tenso,

Brigando com a TV sem nenhum tipo de senso,
Ele grita e insulta sentado naquela sala,
Como se os personagens rissem da sua cara.

Outro dia eu á vejo com a mala arrumada,
Na sala sozinha esperando sentada,
Quando chego, ela fala e isso me comoveu,
Que ela esperava meu avô, só que ele já morreu.

Ele volta a arrumar briga confusão, treta,
E a solução ele só acha no vidro de tarja preta.
Só que eu não preciso de estudo, nem muito tempo ao lado,
Pra saber que curado é diferente de dopado.

Pra cada jogo de baralho existem dois coringas,
Anestesiados com pílulas e doses em seringa,
Dormindo o dia todo, isso é melhor pra todos,
Porque quando acorda torna-se perigoso como os lobos.

As paredes brancas e estofadas aumentam o meu tédio,
Que só passa quando chegam mais caixas de remédio.
E essa letra na minha mente aumenta meu Inferno.
Porque essa camisa branca aperta e ninguém me dá um caderno.

Daniel Monteiro Salles

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cafeína

A segunda tem sido tão cansativa como a sexta.
A quarta e a quinta tão extressantes como a terça.
Sorrindo, triste, triste, sorrindo.
Passando da empolgação de sábado para a depressão de domingo.

Sete dias na semana, vinte e quatro horas por dia.
Oito de trabalho, oito de sono e mais oito de correria.
Temos emprego mais a vida nos obriga a ter mais.
Fazendo de nós bem mais calculistas que sentimentais.

Escola, faculdade, escritório.
Jovem, velho, velório.
É lamentável ver o choro de um funcionário.
Que trabalha em dobro com a metade do salário.

Para os que vivem e não agüentam a rotina.
Sobra a nicotina, cocaína e umas caixas de morfina.
Para os que vão mais fundo e a depressão predomina.
Sobra a rua, a pinga e a demolição da heroína.

Cotidiano, faz mais uma chacina,
Fabrica alcoólatras disfarçados no Happy hour da esquina.
E a cafeína, virou item notável.
Pra quem dorme tarde e acorda cedo já é indispensável.

Daniel Monteiro Salles